Análise de Canais 22/09/2023

Os canais de distribuição brasileiros vivem um período de mudanças aceleradas, e não é só por conta da crise. O cenário macroeconômico pode ser encarado como uma válvula propulsora para isso, mas está distante de ser o principal elemento. Do final de 2014 para cá, agravaram-se os problemas de modelos de negócios que precisavam se reinventar. Alguns iniciaram trabalhos que hoje começam a dar resultados. Outros ainda sofrem sem conhecer o caminho. Nesta nova Revista Temática do Portal Giro News – “Análise de Canais”, que traz um novo conceito para facilitar sua leitura, você confere as principais mutações do varejo e atacado no Brasil, com formatos que estão com vendas a todo vapor e outros que tem enfrentado um cenário obscuro e preocupante. Tenha uma ótima leitura e, mais do que isso, sinta-se à vontade para interagir com as reportagens. Mande suas opiniões, seus cases, suas sugestões. Essa revista está sempre aberta para ouvir novas fontes e conhecer outras visões do mercado.

O comércio eletrônico se fortaleceu rapidamente e hoje é uma realidade. A projeção é que setor tenha uma expansão de 43% nos próximos quatro anos, saltando de R$ 41,3 bilhões em 2015 para R$ 59, 8 bilhões. E se o e-commerce já é forte hoje em não alimentos, seu próximo passo é o canal alimentar, um dos que apresenta a maior margem de crescimento.

Uma operação atacadista, com foco no transformador e revendedor, foi um dos poucos modelos de negócio a obter altas taxas de crescimento na crise. Não só pela expansão orgânica, com 50 novas lojas ao longo de 2015, como também pela migração do consumo para formatos com forte apelo de preço. Não há números consistentes ainda sobre quanto fatura anualmente, porém, estima-se que o cash & carry fechou o ano passado com crescimento de 12,1%. A aposta no formato foi fundamental para muitos grupos conseguirem crescimentos expressivos em 2015.

As lojas de vizinhança cresceram 48% ao longo de 2015, de acordo com pesquisa apresentada pela Associação Paulista de Supermercados - APAS. O formato compacto de lojas está cada vez mais maduro dentro das grandes redes e engana-se quem acredita que é um modelo que canibaliza o próprio supermercado. O passo mais maduro que as empresas deram nessa direção foi no entendimento de que seus principais concorrentes deveriam ser, principalmente, as padarias.

Dois dados do ranking divulgado pela ABAD este ano mostram um momento ainda mais complicado para o setor, que sofre não só com a crise econômica, mas com alguns fatores de mercado. 

O Portal Giro News reuniu alguns fatores que vem influenciando o setor atacadista. Essas informações mostram que os causadores da queda vão além da crise econômica que vive o país. Confira a análise com esses principais fatores.

Se o Cash & Carry é a grande estrela do momento, o hipermercado é um dos formatos que mais sofre. Em 2015, de acordo com dados da Abras, as lojas de 20 a 49 checkouts sofreram retração de 1% e as com 50 ou mais checkouts uma queda de 0,6%. 

Entender o perfil do atacado de autosserviço é fundamental para definir as melhores estratégias. Muita desinformação tem sido disseminada no mercado, porém, confira dados da pesquisa exclusiva Cash & Carry - Shopper & Behavior, realizada pelo Portal Giro News, com uma metodologia inédita para dar as respostas que o mercado precisa. Clique em Leia Mais e veja detalhes.

Surfar na crise econômica é o que mais tem feito o atacado de autosserviço, mas apesar do crescente movimento do consumidor final no canal, perder o foco torna-se um risco iminente para o cash carry, fator este que encarece de mais discussões no setor.

A análise de itens mais vendidos e modelos que mais consomem no atacado de autosserviço reforçam a importância de manter o foco no "shopper profissional". Nesta matéria, você confere detalhes sobre os perfis de clientes que oferecem o maior tíquete de vendas e as principais categorias deste canal.

Buscar o equilíbrio na operação tem sido um dos desafios do Assaí em meio ao processo crescente de maior presença do consumidor final nas lojas de cash carry. O objetivo, segundo a rede, é poder atender o público doméstico, porém, sem afetar o principal target das lojas que é o comerciante.

Em meio a um ambiente de retração, com algumas exceções de iniciativas que começam a dar resultado, a realidade dos hipers é muito mais de diminuição de tamanho do que de expansão. Desde o início de 2015, é crescente o volume de informações nessa direção. Há mais de um ano, os hipermercados convivem com uma rotina de fechamento de lojas e conversões para outros formatos, em especial para o Cash & Carry.

Após lançar uma nova estratégia comercial, que consiste em proporcionar descontos progressivos e beneficiar a compra com mais volume, a rede em pouco tempo começou a colher bons frutos. Em entrevista à TV Giro News, o diretor operacional da Multivarejo, Marcos Samaha, comentou esse momento de recuperação dos hipers no GPA.

A rede varejista vem apostando em novos formatos de embalagens e maior apelo de preço com as marcas próprias. Segundo Adriana Muratore, vice-presidente de marketing e comercial do Walmart Brasil, o plano da rede é explorar cada vez mais as embalagens exclusivas e ampliar a presença delas em outras categorias.

A aposta da rede este ano foi criar um novo padrão dentro de seus hipers. Em sua 47ª loja, inaugurou o primeiro hiper com conceito gourmet, no Aurora Shopping, em Londrina (PR). "É uma loja moderna, conceitual e gourmet, focada em serviços. Um paraíso gastronômico que atende tanto as necessidades diárias dos consumidores como também em ocasiões especiais", explica o diretor Everton Muffato. 

O setor atacadista teve queda real de 6,8% em 2015 e tem uma perspectiva de, no máximo, fechar este ano com estabilidade. Porém, para o presidente da ABAD, José do Egito, os números não representam um cenário de queda além da crise para o atacado distribuidor. Segundo ele, é preciso ter cuidado ao analisar o mercado brasileiro como um todo e saber separar as diferentes realidades que existem dentro do mercado nacional.

Se diversos são os fatores que impactam negativamente a operação tradicional do atacado distribuidor, quais seriam os caminhos para os atacadistas? O Portal Giro News ouviu a opinião da indústria, que destaca a necessidade dos players buscarem mais especialização para oferecer um serviço compatível com as necessidades atuais, agilizar a distribuição, reduzir custos e se antecipar às tendências de mercado.

Quinto maior atacadista do país, segundo o ranking ABAD, o Destro Macroatacado vem ajustando sua operação e, como consequência, vem obtendo altas taxas de crescimento, num caminho totalmente contrário ao de todo setor, que sofreu retração em 2015 e deve fechar este ano com estabilidade. O diretor presidente da empresa, Emerson Destro, falou sobre todos os ajustes que o mercado vem sofrendo e que o grupo vem se enquadrando, para manter a meta de crescer 15% em 2016.

De modo geral, a indústria tem aumentado seus esforços para poder atender mais de perto o varejo. Isso tem criado um movimento que começa a mudar parte do papel do atacado distribuidor, sobretudo junto ao médio varejo. Com essa necessidade, as empresas estão buscando parceiros que se dediquem mais ao serviço de frete e não à intermediação de venda, algo que tem aberto espaço para a expansão dos Brokers.

O Pegoraro é mais uma empresa do setor atacadista que está na contramão dos números apresentados pela ABAD. Após atingir uma receita de R$ 953 milhões em 2014 com um crescimento de 10,7% em relação a 2013, o grupo registrou um faturamento de 1,03 bilhão em 2015, com um crescimento de 8,07%. Em entrevista exclusiva ao Portal Giro News, o diretor do Grupo Pegoraro, Maycon Pegoraro, destaca a importância do atacado distribuidor e a projeção do grupo para este ano.