Restaurantes devem manter preços, mesmo com a redução do IPCA: saiba por quê
*Por Fernando Blower, diretor executivo da ANR
Apesar
de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter recuado 0,08% em
junho, após alta de 0,23% em maio, registrando a primeira deflação em nove
meses, o momento é de cautela para empreendedores do foodservice brasileiro. Isso
porque o custo no bolso dos empresários não envolve apenas o alimento que chega
à mesa do consumidor, há outros fatores que influenciam os negócios, como
aluguel, salário dos funcionários, gastos com fornecedores, despesas de consumo
como energia elétrica, água e assim por diante.
No
acumulado do primeiro semestre do ano, por exemplo, a inflação da alimentação
fora do lar subiu em 3,4%, ficando acima da geral brasileira (2,9%). Em São
Paulo, o aumento foi ainda maior, chegando aos 4,0%, estabelecendo-se também
acima da inflação geral paulista (3,1%). Essa pesquisa da ANR foi realizada em
conjunto com a Future Tank, consultoria que realiza análises de tendências e
cenários. O levantamento ainda contou com dados recentes do IPCA - IBGE, que
analisou os índices do setor em comparação com os números da inflação geral
brasileira.
É
importante lembrar que, em 2022, enfrentamos um cenário de aumento expressivo
da inflação nos alimentos, o que foi contido pelos restaurantes, que não
repassaram integralmente a alta ao consumidor. Esse processo acabou achatando
as margens de lucro de um segmento que ainda estava lidando com os custos da
pandemia. Portanto, agora é chegado um momento em que é preciso encontrar o
equilíbrio financeiro dos negócios e atenuar os danos causados pelos tempos
difíceis enfrentados pelos restaurantes.
Nesse
sentido, é interessante pensarmos em soluções que não prejudiquem tanto o
consumo, considerando também a expectativa das pessoas diante dos cardápios.
Uma estratégia pode ser, por exemplo, inovar em pratos com ingredientes mais
baratos, ou até mesmo apostar em promoções.
O importante é estarmos atentos a todo o
contexto em que o foodservice brasileiro
está inserido. A alimentação fora do lar reflete no dia a dia da população e
tudo o que atinge o setor ainda reverbera na economia do Brasil. Por isso, é
fundamental monitorar as questões que fazem parte do cotidiano dos
estabelecimentos e contar com o respaldo de entidades que atuam pelos interesses
do setor.