Alimentação saudável, dark kitchens e consolidação do delivery: tendências de 2024 para o Food Service
*Por
Ramon Martins, diretor de produtos de Food Service da TOTVS
Com
diferentes oportunidades de negócios, o food service vem se consolidando na
economia brasileira nos últimos anos. De acordo com um levantamento da
Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o setor registrou um
crescimento de 184,2% entre 2009 e 2019. E, ainda que tenha passado por
dificuldades durante a pandemia, o segmento vem se adaptando e retomando suas
atividades. É um fenômeno global o aumento da participação das despesas com
alimentos preparados fora do lar no total das despesas com alimentos. Nos
Estados Unidos essa participação é próxima à 50%. No Brasil, em janeiro de 2020
(antes do início da pandemia), o percentual era 30,3%. Caiu durante a pandemia,
mas no segundo semestre deste ano já tinha retornado para 27,2%, retomando a tendência
de crescimento.
O fato é que o
varejo de food service passou por uma grande transformação nos últimos anos,
seja por conta do avanço da sua digitalização ou pela mudança nos hábitos de
consumo da população. Agora, gestores e empreendedores do segmento enfrentam
desafios como a busca pela excelência na experiência do cliente e o diferencial
frente à concorrência, em um mercado cada vez mais disputado. Neste contexto,
vale destacar a importância da tecnologia para os negócios, garantindo
otimização de custos, qualidade do atendimento e inovação. Separei algumas
tendências para 2024 que valem a pena o setor ficar de olho.
Sem dúvidas, o delivery continuará em
alta. Popularizado na pandemia, este canal de vendas mostrou que veio para
ficar. Uma pesquisa da Kantar apontou que o alcance do delivery no Brasil
saltou de 80% do país em 2020 para 89% em 2022. E, ainda, o levantamento
indicou que os consumidores têm pedido comida com mais frequência. Em 2022, 32%
disseram pedir comida uma vez na semana, enquanto em 2020 esse percentual era
de 28%. Ou seja, o delivery tem sido destaque entre os hábitos dos brasileiros.
Neste contexto, contar com um bom sistema PDV, que digitalize e integre os
pedidos de entregas ao sistema de gestão do estabelecimento é muito importante
para garantir maior controle e agilidade nos processos.
Outro
assunto que deve continuar sendo palco das conversas no varejo food service são
as dark kitchens,
uma opção para restaurantes que querem manter suas operações apenas via
entregas. Este modelo de negócio tem sido amplamente debatido na sociedade
tendo em vista as reclamações de moradores com relação ao funcionamento destes
estabelecimentos, principalmente em zonas residenciais.
Na
tentativa de resolver este problema, a Prefeitura da cidade de São Paulo, por
exemplo, sancionou a lei 17.853/22 que regulariza as atividades destes
estabelecimentos. Contudo, muitos ainda questionam a fiscalização desta lei,
assim como a sua efetividade. Deste modo, é provável que as dark kitchens
continuem sendo pauta no setor no próximo ano, gerando muitas conversas entre a
sociedade e estas empresas sobre a viabilidade do seu funcionamento. De
qualquer forma, a popularização dos pedidos de refeições via aplicativos e
delivery devem continuar atraindo gestores do segmento para este modelo de
negócio.
E
falando nisso, garantir uma logística de qualidade é um desafio que precisa ser
levado em consideração. O tempo que o pedido leva para chegar até seu destino é
fator crucial para a satisfação do cliente. Ainda que muitas vezes o
estabelecimento conte com o serviço de entrega dos aplicativos ou com o apoio
de empresas terceiras, esse é um ponto importante e que deve estar na pauta dos
empreendedores. Tecnologia que faz a gestão do planejamento e monitoramento das
entregas pode trazer um diferencial interessante para o negócio.
O
avanço da tecnologia e a nova rotina da população nos últimos anos também tem
influenciado diversos movimentos no setor, impulsionando o surgimento de novos
comportamentos que devemos observar grandemente em 2024. Como a popularização
do uso de autoatendimentos nos estabelecimentos, se destacam a adesão de duas
modalidades: a take
away, na qual os clientes realizam o pedido de modo similar
a um delivery, porém eles se dirigem a loja para retirá-lo; e a grab and go, na qual
o produto já está pronto e disponível no estabelecimento para o consumidor
pegar e levar para consumir, não havendo a necessidade de realização de um
pedido. Essas inovações acabam por otimizar processos dos estabelecimentos e
oferecer maior praticidade e comodidade ao consumidor ao adquirir uma refeição.
Para o próximo ano a sustentabilidade também
será uma pauta importante. Assim como em outros segmentos econômicos, o varejo
food service também precisa se posicionar e agir com relação às políticas ESG.
Com isso, a reciclagem, o uso de materiais renováveis, a economia circular de
alimentos, a redução de desperdícios, o uso de embalagens mais sustentáveis e
de energia renovável, e a redução da emissão de carbono são exemplos de ações
que devem se tornar mais frequentes.
Por fim, os novos
hábitos de consumo da população resultaram em uma maior procura por alimentação mais saudável,
além da busca por opções de alimentos da categoria plant-based. Seja
devido a uma maior preocupação com a saúde ou um aumento da conscientização e
preocupação com o planeta, é importante que gestores da área se conectem às
novas demandas e hábitos dos consumidores, a fim de identificar oportunidades
de negócios.
O food service vem passando
por uma série de transformações, e muitas delas envolvem a tecnologia, de forma
direta ou indireta. Assim, é preciso considerar a importância do investimento
digital para a produtividade e o sucesso dos negócios. Diante de tantas
tendências e inovações para 2024, vale ficar atento às novidades do mercado,
afinal, grandes oportunidades podem surgir para aqueles que sabem se
diferenciar.