A evolução da prevenção de perdas no varejo
*Por Gustavo Carrer, Head of Business Development da Inwave
Bilhões de reais são perdidos anualmente pelos varejistas brasileiros, representando um problema significativo que impacta diretamente as finanças das maiores redes do país. De acordo com a última pesquisa da Abrappe com dados de 2023, o varejo nacional registrou uma perda total estimada de impressionantes R$ 34,9 bilhões, número que representa um aumento de 6% em relação ao ano anterior.
Para contextualizar a dimensão desse prejuízo, o valor ultrapassa o faturamento anual de qualquer varejista do país a partir do terceiro colocado, segundo o último Ranking Abras divulgado este ano.
No segmento de supermercados, esse gargalo está relacionado com problemas frequentes do setor que incluem falhas relacionadas à gestão de estoques, produtos inutilizáveis por vencimento ou perecibilidade e estoques encalhados, perdas por erros operacionais, furtos internos e externos, que todos somados, geram impacto direto nos resultados financeiros das empresas.
Esse cenário desafiador impulsionou a evolução de estratégias e de novas tecnologias na área de prevenção de perdas, passos cruciais para a lucratividade do varejo. A aposta no uso integrado de dados, centralização de operações e automação tem demonstrado capacidade de mitigar prejuízos e fortalecer as operações.
Gestão centralizada como tendência
Uma das grandes apostas do varejo envolve a busca pela centralização das operações por meio da tecnologia; passo viabilizado por ferramentas que abrem caminho para, dentre outros pontos, o monitoramento remoto de todas as lojas de uma rede, etapa crucial na jornada para um modelo informatizado e mais integrado de prevenção de perdas.
Seguindo essa linha de raciocínio, soluções baseadas em IoT também oferecem uma base importante para a segurança das lojas, por meio, por exemplo, de sensores conectados capazes de garantir o controle em tempo real de estoques e ambientes internos.
Além de permitir a gestão a distância de condições críticas como temperatura e umidade – que tende a mitigar as quebras de produtos perecíveis –, sistemas centralizados ajudam ainda a padronizar e integrar processos e pessoas em todas as unidades de uma corporação varejista, fato que otimiza a eficiência operacional e reduz o risco de inconsistências no controle de seus estoques e produtos.
Uma perspectiva analítica
Diretamente ligada a uma visão de gestão centralizada, a evolução na prevenção de perdas no varejo passa, fundamentalmente, por um uso estratégico de dados que tem se consolidado como ferramenta indispensável para o setor.
Afinal de contas, a centralização dos processos gerenciais traz em sua base uma visão analítica a partir da integração de informações de vendas, fluxos de estoques, métricas de controle e análise do comportamento do consumidor para a tomada de decisões mais assertivas que auxiliam na identificação das maiores fontes de perda (seja o excesso de estoque, falhas processuais ou furtos nas lojas).
Gestão de Estoques
Nessa leitura estratégica de uma gestão centralizada, os sistemas que apoiam a gestão de estoques seguem desempenhando um papel decisivo, a partir de tecnologias como RFID (Identificação por Radiofrequência) que tem revolucionado a administração de estoques no varejo, oferecendo visibilidade em tempo real de produtos e movimentações; e podem também contribuir para a geração de insights, além de um controle baseado em indicadores precisos acerca das áreas de maior vulnerabilidade dentro das lojas, não só reduzindo perdas, mas também contribuindo para a segurança do ambiente de trabalho e para a experiência do cliente.
Além disso, ferramentas analíticas ajudam a prever sazonalidades e a ajustar inventários de forma mais eficiente. Tudo isso, por sua vez, auxilia os gestores na implementação de ações voltadas para a otimização de processos.
Como exemplo prático, o cruzamento de dados de vendas com informações de inventário ajuda a prever possíveis rupturas ou excessos de estoque, reduzindo perdas associadas a falhas na reposição de produtos.
Integração de tecnologias
Em outras palavras: a integração de diferentes soluções de tecnologia, gestão remota e em tempo real, RFID e inteligência analítica baseada em dados, representam uma oportunidade única para novos modelos de gestão que aprimoram a prevenção de perdas a partir de um viés de centralização, o qual, por sua vez, potencializa a redução de custos, gerando ainda mais segurança, eficiência operacional e ganhos de diferenciais competitivos decisivos para o varejo.
O futuro e a evolução destes processos dependem, por fim, de estratégias bem alinhadas entre as lideranças e de uma mentalidade aberta para a digitalização. Com isso, o varejo pode não apenas reduzir expressivamente suas perdas, mas também transformar desafios em oportunidades de crescimento sustentável.
