Igualdade de Gênero Ganha Espaço nas Empresas
Mulheres na Liderança


Texto: Bruna Soares
Nos últimos oito anos, o número de mulheres em posições de liderança
dobrou de 10% para 20%, de acordo com um estudo global da Kantar. Outro
levantamento da consultoria, realizado em 2019, aponta que 41% dos brasileiros
se sentiriam muito confortáveis em ter uma mulher como CEO de uma grande
empresa. No mundo corporativo, a igualdade de gênero é um debate que vem
ganhando amplitude. "Quem decide a compra em qualquer família é a mulher. Ter
mulheres em lideranças é absolutamente necessário para falar com esse público e
entendê-lo", afirma Luiza Helena Trajano, Presidente do Conselho de
Administração do Magazine Luiza, em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News. Além
do Magalu, Luiza preside o Grupo Mulheres do Brasil, que soma quase 80 mil
mulheres e estimula o protagonismo feminino.
Consumidor Cobra Mudança
De acordo com Trajano, o varejo tem características que o tornaram um
setor com maior presença de homens. "Quando assumi a superintendência do
Magazine Luiza, na década de 90, era praticamente a única mulher a ocupar um
cargo executivo no setor. Esse cenário está mudando lentamente, mas acredito
que, pelas mudanças do consumidor, a tendência é que haja mais mulheres em
cargos de gestão e nos conselhos de administração." Na indústria, o cenário é
semelhante. No final de 2020, Andrea Napolitano foi nomeada como CEO América
Latina do Grupo Calvo, detentor da marca Gomes da Costa - sendo a primeira
mulher a presidir a divisão. Para ela, esse é um movimento que abre portas para
mais mulheres. "Isso impacta positivamente em todos os níveis na organização e
mostra a possibilidade de crescer e chegar a posições relevantes dentro da
empresa."
Desafios na Gestão
Houve um avanço significativo na quebra de preconceitos, mas ainda há
muito a conquistar, analisa Trajano. "O próprio mercado está colocando empresas
que não têm diversidade em seus quadros para trás, por não refletirem as
mudanças da sociedade." Para além da igualdade de gênero, Andrea Napolitano
enfatiza que as contratações são consequência da carreira e competência deste
público, sendo considerado para posições relevantes no mercado. "Trazer a visão
feminina e de shopper para a gestão possibilita entender hábitos de consumo e
detectar oportunidades que talvez antes não estavam sendo vistas." Na visão de
Trajano, os desafios são os mesmos para homens e mulheres, mas a elas foi
permitido desenvolver uma gestão mais humana. "E é isso que as empresas
necessitam hoje. Porém, sabemos que a mulher é mais cobrada em um cargo de
liderança", conclui a presidente.