A transformação do mercado de vizinhança
Lojas Atualizam Mix e Canais
Nos últimos dois anos, 51%
dos varejistas mudaram a estrutura de seus pontos de venda, devido à pandemia.
Com o boom do mercado de vizinhança no período, impulsionado pela priorização
das compras em estabelecimentos próximos, as mudanças foram ainda mais
significativas no pequeno varejo, com o índice atingindo 60% nas lojas com 4
checkouts. As principais transformações aconteceram com o fenômeno da "figitalização"
e com a readequação do mix de produtos. É o que aponta um estudo realizado pela
Gfk e apresentado no "Vizzinha - 2º Fórum Nacional do Varejo de Vizinhança", realizado pelo Clube do Varejo.
"Hoje, não tem mais barreira entre o físico e o virtual. O consumidor vai
comprar onde ele vir mais conveniência", disse Henrique Mascarenhas, Commercial
Director - Brazil & Strategic Accounts LATAM da GfK. Para o executivo,
nestas circunstâncias, o papel do varejo físico começa a mudar, tornando-se,
inclusive, uma "ponta de lança" para o varejo online.
Aposta em WhatsApp
Acompanhando os
players maiores, o canal vizinhança também adaptou seus negócios para o
atendimento digital. O WhatsApp atingiu penetração de 98% no formato, enquanto
os aplicativos de vendas chegaram a 71%. Na análise por tamanho de loja, os
pontos de venda com 4 checkouts foram destaque, com 52% utilizando o WhatsApp,
seguidos por 3 checkouts (45%), 2 ckeckouts (29%) e 1 checkout (24%). Ainda
segundo informações da Gfk, os apps de vendas foram adotados por 26% das lojas
com 4 checkouts, 15% com 3 checkouts, 12% com 2 checkouts e 5% com 1 checkout.
Já na implementação de sites, há uma inversão, com os PDVs de 3 checkouts na
liderança (com 15%). Na sequência, estão as lojas com 4 checkouts (12%), 2
checkouts (10%) e 1 checkout (3%).
Frequência em Loja
Entre os quatro perfis de
lojas apresentados, as que têm 4 checkouts foram as que mais perderam
frequência de clientes em 2021. A média ficou em 150 clientes por dia. Nos PDVs
de 3 checkouts, também foram registrados cerca de 150 clientes. Nas operações com
2 checkouts, foram 100 e, em 1 checkout, 60. No entanto, na visão de Henrique
Mascarenhas, esse cenário começa a mudar. "Agora, o consumidor volta à loja,
mas não necessariamente fechando a compra na loja." Para o diretor, a visita ao
espaço físico é muito mais voltada à experimentação e contato com o produto, do
que à compra em si. "A pandemia foi um grande laboratório de educação digital
para o consumidor", destacou.
Mudanças em Sortimento
De acordo com a Gfk, os
pontos de venda estão ficando menores e, nesta redução, a área mais impactada é
a de estocagem. A análise é reforçada pelo aumento de novas lojas entre 1 e 2
checkouts. Com isso, cada vez mais, as empresas buscam tornar seu mix
eficiente, focando-o em compras de alta frequência e reposição. Os produtos de
maior giro e os que apresentam dificuldades de reposição têm sido priorizados
pelas lojas de vizinhança. Contudo, nota-se, também, um movimento de
diversificação do sortimento. O estudo aponta que em lojas de 3 e 4 checkouts,
por exemplo, há uma introdução de produtos orgânicos e da categoria de eletro.
Já nos PDVs de 1 e 2 checkouts, as apostas são itens de bazar, hortifruti e
padaria. Agora, os aprendizados dos pequenos varejistas relacionados a mix e
digitalização começam a se estender à sua relação com a indústria, em frentes
como contato/relacionamento e abastecimento.
Texto: Bruna Soares