O Futuro Dos Meios de Pagamento Na Era Pix
*Por Ralf Germer
Após oito meses de seu lançamento, o Pix consolidou-se como um serviço
eficiente, rápido e seguro, conquistando a confiança de milhares de
brasileiros. Cerca de 94% das pessoas que já utilizaram o Pix estão satisfeitas
ou muito satisfeitas com o serviço, aponta o levantamento da Toluna, empresa
que oferece insights em tempo real sobre os consumidores, com o Centro de
Estudos e Finanças da Fundação Getúlio Vargas.
Sucesso nas transações financeiras, o Pix já superou o número de transações de
métodos de pagamentos tradicionais, como o TED e o DOC. O pagamento instantâneo
também já é oferecido como opção para pagamentos no varejo físico e no
e-commerce. Com tamanho êxito em um curto período de operação, surge a dúvida:
afinal, o Pix vai substituir os meios de pagamento tradicionais?
No curto prazo, não acredito que o pagamento instantâneo irá substituir o
boleto bancário. Apesar de oferecer uma série de facilidades, o Pix é acessível
apenas para pessoas que possuem contas bancárias e, de acordo com uma pesquisa
do Instituto Locomotiva em janeiro de 2021, 34 milhões de brasileiros não
possuem conta em banco ou utilizam com pouca frequência. Como o boleto permite
o pagamento em dinheiro, torna-se a opção mais acessível para os
desbancarizados. Além disso, o boleto oferece uma vantagem para o consumidor
que quer reservar o produto e pagar por ele alguns dias após a data da compra,
no dia do vencimento do boleto.
Já o cartão de crédito é absoluto quando o assunto são meios de pagamento, pela
possibilidade de parcelamento e por ser aceito em praticamente todo o comércio.
Segundo a ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Créditos e
Serviços), esse método de pagamento movimentou cerca de R$1,18 trilhões em
2020. O Banco Central já anunciou o lançamento do Pix Garantido para 2022 e a
funcionalidade permitirá que compras sejam parceladas no Pix. Entretanto,
muitas empresas que oferecem o serviço de crédito não cobram mais juros, e se
cobram, é apenas em parcelamentos muito grandes. Por isso, creio que o Pix
possa ser uma alternativa para o cartão de crédito, principalmente em compras
de valores menores, mas não irá substituí-lo.
Vejo o Pix como um possível substituto para o cartão de débito, pelo menos
quando se trata de compras online à vista. Muitos e-commerces não oferecem o
cartão de débito devido às complexidades enfrentadas pelo usuário na hora de
efetuar a compra. O Pix oferece uma experiência muito mais positiva para o consumidor
e, por isso, pode ser uma alternativa eficaz para o débito.
Por fim, é nítido que o Pix revolucionou e tornou mais práticas as transações
financeiras no Brasil. Porém, acredito que nenhum método de pagamento que
estamos familiarizados hoje fique totalmente obsoleto pelos próximos anos, pois
até mesmo o TED e o DOC continuam sendo bastante utilizados em transações de
negócio para negócio. Este cenário pode mudar futuramente, pois novas funções
serão implementadas no Pix. Por ora, há espaço para todos no mercado e
inovações são sempre bem-vindas.
*Ralf
Germer, CEO e cofundador da PagBrasil.