Demanda e estoque precisam seguir juntas. E a IA pode ajudar neste processo
PorRicardo Ramos, CEO
da Precifica
Para
o varejista vender bem é preciso que demanda e estoque andem de mãos dadas. E
por ser um trabalho complexo, o gestor tem nas soluções baseadas em
inteligência artificial uma ferramenta eficaz para que não ocorram rupturas que
decepcionam e até mesmo afastam os consumidores.
O
comércio, físico ou digital, trabalha com grande quantidade de produtos em suas
prateleiras. Na casa dos milhares ou dezenas de milhares. E tem a questão da
renovação constante desse portfólio enorme de itens. Em alguns setores a
renovação é mais rápida. Em outros, mais lenta. Controlar essa infinidade de
produtos é uma tarefa impossível de ser realizada sem apoio da
tecnologia.
Hoje,
o cenário é mais técnico. Soma-se a esse universo de produtos, um número
crescente de competidores e a necessidade de otimizar preços continuamente para
ter mais eficiência possível e capturar o melhor resultado de cada momento,
todos os dias da semana. O varejista pode estar sofrendo com ruptura porque não
está gerenciando corretamente o ritmo da demanda. Se a loja está vendendo bem,
mas o estoque acaba, o consumidor vai comprar na concorrência.
É aí
que a IA pode ajudar o varejo. E o fará justamente auxiliando a identificar o
potencial de demanda com base em cada produto. Em primeiro lugar, a solução de
pricing irá identificar quais fatores afetam as vendas na loja. Baseado nos
dados, ela detecta padrões cruzados entre um número grande de variáveis como
época do ano, período do mês, horário do dia, clima, câmbio, preço, preço da
concorrência, frete. Ela encontra a relação entre todos os elementos para
descobrir o que de fato está afetando o desempenho.
Pode
haver uma determinada linha de produtos cuja venda é mais forte no verão. Uma
vez que o fator que explica a demanda é descoberto, a IA começa um trabalho de
definição dos pesos desses fatores. Por meio de cálculos matemáticos dá para
saber o percentual de reajuste a ser aplicado conforme o fator que influencia
na venda. No verão a loja vende mais camiseta regata, então dá para aplicar um
reajuste de 5%, 10% ou 15% e aumentar a rentabilidade, pois as pessoas estão
dispostas a pagar. Ou ao contrário, manter ou reduzir o preço para girar o
estoque. A inteligência artificial também ajuda o gestor a entender a tendência
de demanda. Tem produtos que vendem mais aos fins de semana, outros em
determinados feriados. Ao saber, antecipadamente, a tendência para as próximas
horas ou para a próxima semana, o lojista pode ajustar seu estoque da forma
adequada e modificar preços considerando também fator e peso que influenciam
suas vendas. Se a tendência for crescente para os próximos dias, pode ser que
dê para cobrar mais e se não for, talvez seja necessário promocionar.
E aí
é que vem a relação entre demanda e estoque. O varejista pode ter uma tendência
de demanda não crescente, ou seja, não há mais pessoas a comprar, mas também
não tem acúmulo de estoque. Assim, não há razão para promocionar porque se isso
for feito para atrair consumidores, há risco de ruptura. E pode ser ao
contrário. São duas linhas de tendência que precisam ser observadas e a IA
consegue apontar para elas simultaneamente.
Para
isso, a IA tem como base todo o histórico de vendas do varejista, o estoque
existente, custos, além de informações externas da concorrência, preços de
mercado, comportamento dos consumidores obtidos a partir de monitoramento em
tempo real. Com tudo isso e algoritmos muito bem elaborados, a IA fornece ao
gestor dados preditivos. O varejista sabe que pode vender X no final de semana
e para isso tem de ter Y em seu estoque. Ou, o estoque está baixo, mas pela
tendência é possível aumentar o preço e obter margem maior por item
vendido.
E
tudo é feito dentro de parâmetros pré-estabelecidos pelo gestor do varejo. É
ele quem define as metas e a IA fará todo o processo de acordo com o que foi
determinado, auxiliando a manter o estoque em um patamar adequado para atender
aos objetivos traçados. Um trabalho complexo de ser feito manualmente, mas que
a máquina processa em questão de minutos ou até segundos.