Acessibilidade no varejo eletrônico com conteúdos inclusivos
*Por Andrea Miranda, cofundadora e CEO da Standout
Segundo estudo do U.S News & Word Report, o Brasil ocupa a posição de
número 27 no ranking de países mais acessíveis dentre os 85 países analisados.
Refletindo sobre esse número sob a perspectiva de sermos o 7º país mais populoso do mundo e
frente a dados da ONU que apontam que existem cerca de 1 bilhão de pessoas no
mundo com algum tipo de deficiência, penso que temos muito a evoluir nas
questões de acessibilidade e inclusão.
Fazendo um recorte apenas sobre acessibilidade digital,
recorro a uma pesquisa do G3ict, que é uma iniciativa global para Icts
(tecnologias de informação e comunicação) inclusivos, surgida a partir da
Convenção da ONU de 2006 sobre direitos das pessoas com deficiência. Num
monitoramento de 137 países, o Brasil ocupa a 8ª posição no ranking de 2020 de
implementação real de inclusão digital.
Isto significa que temos uma missão ainda mais importante
que é a de garantir que todo esse trabalho já realizado no universo digital
possa se expandir para áreas nas quais ainda sobram oportunidades de melhoria,
como nos varejos eletrônicos.
Falando especificamente da nossa área de atuação, que são
as vitrines digitais produzidas para os e-commerces, temos uma primeira
responsabilidade que é a técnica: ou seja, fazer a comunicação chegar de forma
satisfatória ao maior número de pessoas, independente do dispositivo utilizado
ou da linha de transmissão disponível. Se para Milton Nascimento todo artista
tem de ir aonde o povo está, para nós, como uma martech referência em trade
marketing digital, toda comunicação tem que chegar com a mesma alta performance
em todos os cantos do Brasil, em todos os aparelhos móveis, inclusive nos mais
simples.
Depois disso, é importante que cada funcionalidade sirva a
um propósito, ou seja, não basta ser bonito, tem que entregar algo que além de
encantar, algo que seja de fácil utilização. Pensando na nossa população que
não é nativa digital, nem teve evolução no mercado de trabalho intrinsecamente
conectada ao digital, estamos falando de cerca de 30 milhões de pessoas que
devem ser consideradas e incluídas nesse universo do retail digital.
Além disso, também precisamos incluir outros tipos de
usuários, como aqueles com deficiência visual. Existe o movimento #ParaCegoVer
e sua variação #ParaTodosVerem que se propõe a trazer descrições de imagens em
texto, que possam ser utilizadas pelas extensões de leitura de texto para voz
dos browsers. Além disso, algumas empresas como a Colgate trabalham incansavelmente
para gravar em áudio seus conteúdos digitais (basta acessar o ícone do microfone para ouvir a
comunicação) e assim incluir ainda mais usuários diversos nos e-commerces.
A acessibilidade e a inclusão não são apenas direitos das
pessoas com deficiência, são nossa missão como profissionais digitais!