A IA Generativa e o que ela não vai fazer no seu e-commerce
*Por Andrea Miranda, cofundadora e CEO da STANDOUT
A partir de 1950, quando nosso querido Asimov publicou seu
clássico Eu, Robot, de alguma forma, a rota da tecnologia foi setada para a
inteligência artificial (IA) e suas aplicações.
Claro que tinha um montão de outras pessoas pensando sobre
isso, inclusive nosso mestre Alan Turing, mas imaginar aquele robô de feições
humanas sendo tão ou mais inteligente que nós nos causou um misto de desejo e
preocupação.
Mas, para o bem ou para o mal, a tecnologia posterga essas
questões filosóficas: antes de discutir a ética, implementa-se a técnica. E a
técnica da IA é relativamente simples: definição de regras, parametrização,
questão, conclusão e validação da conclusão; repeat.
Pode-se acrescentar à implementação da IA tantas camadas
quantas se queira, incorporando aplicabilidades distintas (mapeamento facial,
realidade aumentada, comando de voz...), saídas diversas (imagem, áudio, texto?
) e agora entradas diversas (por exemplo, linguagem natural) e bingo:IA
Generativa (IAG).
E você querido leitor, é parte fundamental dessa
implementação!!(ou
você acredita que o Google realmente quer só saber se você sabe o que é um
semáforo, um trem e uma bicicleta? Ou saber se você sabe diferenciar um 2 de Z
num conjunto de 6 caracteres?) Isso, leitor, é você fazendo a sua contribuição
para a validação da conclusão dos algoritmos de IA.
Vamos falar de timing?Se a ideia é tão antiga, porque somente agora
vemos esse burburinho todo? Porque graças ao aumento das capacidades
computacionais pudemos baratear o custo de processamento de todas aquelas
perguntas bobas que a gente fez pro Chat GPT quando foi lançado, ou pudemos
utilizar gratuitamente o servidor do Mid Journey para criar uma imagem realista
do Garrincha e do Obama participando do meu jantar de natal.
Mas e a aplicabilidade no e-commerce? O artigo está
acabando e ainda não falamos sobre isso...
Vai depender de você leitor, e de um contingente de
shoppers desejosos de uma única coisa: conveniência. A pergunta é: comoa
IAG vai fazer a compra ficar mais conveniente?Com integração com
comandos de voz? Opa, excelente!; previsibilidade de lista de compras baseada
na compra do último ano e nos lançamentos do último mês? Pode ser
interessante!; e com conteúdo interativo de produtos, personalizado baseado nas
suas últimas interações? Se você tiver autorizado a utilização dos seus dados
anteriores de navegação, pode ser incrível também.
E este é o ponto sobre o qual precisamente não encontrei
debates mais profundos:vai ter um momento em que a IAG vai ir de
encontro a sua privacidade!Ou seja, todos os recursos da IAG não
passarão de meros bits se não tiverem autorização do shopper para utilizar os
dados dele em seus algoritmos.
Quanto vamos abrir mão da nossa privacidade em prol da
nossa conveniência?Até onde estamos dispostos a ir? Essa é a questão filosófica que
teremos que responder para sabermos até onde a IAG vai entrar em nossas vidas.
E nas nossas compras.