A evolução do varejo alimentar: uma história de sabor e inovação
*Por Rafael Vaz, sócio da Vero Brodo e CEO da GlobalFruit, empresa líder em co-packer no Brasil
Imagine criar um novo setor de consumo online, onde a praticidade e a personalização são os principais ingredientes para atrair clientes. O setor alimentício, em especial, tem visto uma transformação significativa, com o surgimento de novas maneiras de fazer compras e consumir produtos.
Há 20 anos, fazer compras no supermercado significava percorrer longos corredores com uma lista de papel na mão. Hoje, com alguns toques no celular, o consumidor acessa uma variedade de produtos e pode recebê-los em casa em tempo recorde. A evolução do e-commerce alimentar no Brasil tem sido notável, impulsionada por mudanças tecnológicas e pela demanda crescente dos consumidores por conveniência e eficiência.
Empresas de tecnologia alimentícia investem em inovação, oferecendo entregas ultra-rápidas, integração omnichannel e algoritmos que entendem as preferências dos consumidores. Essas ferramentas personalizam a experiência, sugerindo promoções e produtos alinhados aos hábitos alimentares individuais, criando uma nova forma de relacionamento entre marca e cliente.
A pandemia de COVID-19 acelerou o crescimento do e-commerce de alimentos no Brasil. Só em 2023, o mercado online cresceu 20%, segundo a Payments and Commerce Market Intelligence (PCMI), e a previsão para 2024 continua otimista, com um aumento projetado de 9,4%, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Plataformas como iFood, Rappi e Uber Eats ampliaram seus serviços para incluir a entrega de produtos de supermercado, facilitando a vida de milhões de consumidores. Além disso, 72% das pequenas e médias empresas no Brasil também encontraram no comércio digital uma maneira de expandir, usando redes sociais como o WhatsApp para alcançar novos públicos, de acordo com o SEBRAE.
Essa mudança vai além da simples venda de produtos. A tecnologia permite uma experiência de compra mais completa. Com um escaneamento de código QR, o cliente tem acesso a informações detalhadas sobre a origem, ingredientes e impacto ambiental de cada produto. Os métodos de pagamento também evoluíram, com carteiras digitais e sistemas "pague e leve", que tornam as compras mais rápidas e práticas.
Personalização e novos produtos no mercado
Os consumidores demonstram um interesse crescente por uma alimentação mais saudável e personalizada. Supermercados respondem com seções dedicadas a produtos orgânicos, sem glúten e veganos. Ferramentas como apps de compra, que oferecem filtros para dietas específicas, facilitam ainda mais a vida de quem possui restrições alimentares. A personalização chegou ao ponto onde o mercado se adapta ao cliente, e não o contrário.
Um exemplo desse avanço no setor alimentício é a introdução de caldos líquidos no Brasil. Com presença consolidada em mercados como a Europa e América do Norte, esses produtos oferecem uma alternativa mais saudável aos tradicionais cubos de caldo, com menos sódio e mais nutrientes. A Euromonitor projeta que esse novo segmento pode representar 20% do mercado de alimentos no Brasil nos próximos anos, alcançando um faturamento de R$ 800 milhões.
Essa tendência reflete uma transformação maior: o varejo alimentar está se reinventando para atender às expectativas dos consumidores, que buscam mais conveniência e saúde em suas escolhas. Porém, o sucesso dessa inovação depende da educação do consumidor e da integração eficiente do produto à culinária brasileira.
O equilíbrio entre o digital e o humano é o próximo desafio para o setor alimentício online que continuará se expandindo, e a tecnologia segue seu papel fundamental nessa evolução. O uso de inteligência artificial para prever padrões de compra, a integração de plataformas de delivery e a personalização da experiência de consumo são apenas o início. A criação de novos setores no consumo online de alimentos reflete uma sociedade em constante mudança, onde conveniência, saúde e inovação caminham juntas.
