Com crédito desburocratizado, G10 Bank quer impulsionar empreendedorismo nas favelas
O Banco das Favelas
Um banco que oferece desburocratização como um
impulso aos negócios das favelas. Essa é a proposta do G10 Bank, que nasceu
sobretudo para tornar possível o acesso ao crédito para empreendedores locais.
"Um dos principais problemas do morador da favela é o acesso ao crédito, porque
40% da população quer empreender e não tem acesso a crédito, e quando tem é com juros altos", explica Gilson Rodrígues,
presidente do G10 Favelas - bloco de líderes e empreendedores de impacto social
das 10 maiores favelas do Brasil. Uma das preocupações do banco é ter critérios
para além de restrições em órgãos como Serasa e SPC Brasil. A avaliação é feita
através de um questionário e, a partir da pontuação obtida, o cliente pode
receber pelo menos um patamar mínimo de crédito. "Estamos olhando para essa
população como uma grande alavanca de desenvolvimento das favelas, para
erradicação da pobreza e combate à fome." O presidente destaca que o Brasil tem
quase 14 mil favelas, com 20 milhões de pessoas, que consomem R$ 200 bilhões por
ano.
Serviços
O G10 Bank tem criado parcerias para ter em seu
portfólio todos os serviços disponibilizados pelas demais instituições
financeiras do mercado. "Nós criamos um programa de consórcio, no qual
modelamos produtos que são sonhos de moradores. Então temos desde iPhone 14 até
cirurgias plásticas e viagens a lazer. Também estamos lançando o G10 Seguros,
incluindo seguros de saúde, de vida etc.", comenta Gilson, em entrevista
exclusiva ao Jornal Giro News. Além disso, o banco oferece as funções de uma
conta digital, como Pix, pagamentos, transferências, depósitos, cartão virtual
e recarga de celular. "Temos a meta de ter 20 mil contas nesse primeiro
semestre. Atualmente, temos quase 5 mil contas", antecipa o empresário. O
perfil majoritário observado no banco é de pessoas físicas que querem
empreender e ainda têm que passar por um processo de formalização. Segundo
Gilson, o G10 Bank também cumpre o papel de ensinar e apoiar os clientes, com
cursos de formação e educação financeira. Há, ainda, a possibilidade de o empreendedor
integrar um programa de bolsa de valores da favela, no qual ele pode conseguir
investimentos e sócios, ao invés de empréstimos.
Do Digital para o Físico
Para além da conta digital, que tem atuação em todo o
país, o G10 Bank iniciou um processo de expansão de agências físicas. A
primeira foi inaugurada em Paraisópolis, na capital paulista. "A partir do
final da pandemia, a gente percebeu que era necessária a criação de uma agência
própria para ajudar o morador nesse processo de migração. É um público que está
acostumado a ir para filas para pagar contas e foi abandonado pelos 'bancões',
que querem que as pessoas não vão mais às agências. E é um público muito
desconfiado, que não confia em abrir conta e acaba guardando dinheiro no
colchão", analisa o presidente. As próximas agências físicas serão instaladas
ainda neste semestre, nas favelas Casa Amarela, em Pernambuco; Sol Nascente, no
Distrito Federal; Aglomerado da Serra, em Minas Gerais; e Heliópolis, em São
Paulo. "Nosso plano é estar principalmente nas maiores favelas do Brasil
inteiro, levando crédito e ações de empreendedorismo", finaliza Gilson.
Reportagem: Bruna Soares