A Gestão Integrada da Experiência do Cliente B2B Ainda Não Existe
*PorCristovão
Wanderley
Há anos o tema "Experiência do Cliente"
(CX) está no radar das empresas, nos congressos e nos mais diversos cursos de
gestão. Fala-se tanto sobre o assunto que o termo ficou até batido. Ainda
assim, ele continua em voga por uma razão muito simples: a empresas ainda não
aprenderam a criar processos e mecanismos para conduzir e monitorar, de forma
eficiente, a CX em todos os seus canais de contato.
Um estudo realizado pela consultoria americana
Walker, em parceria com o Qualtrics XM Institute, constatou que a maturidade
das empresas em relação à experiência do cliente é assustadoramente baixa e
que, apesar dos negócios B2C estarem mais avançados nesse quesito, os B2B estão
apenas engatinhando.
De acordo com os dados coletados, o maior
responsável por esse atraso é a centralização da CX nas mãos de funcionários da
linha de frente, quando o correto seria tirar proveito de todas as
oportunidades e canais de contato que a tecnologia oferece. As próprias
empresas pesquisadas reconhecem suas falhas; sendo que 63% delas avaliam seu
desempenho em relação à experiência do cliente como muito fraco.
A pesquisa revela ainda os motivos da negligência
em relação ao CX no segmento B2B: muito foco no produto; complexidade
organizacional; distanciamento do cliente final, de modo a ocultar o verdadeiro
impacto de sucesso do negócio; baixa percepção de valor comercial dos esforços
na experiência do cliente; e reduzida rotatividade de clientes, já que a
maioria dos contratos são fechados por períodos longos.
Embora o estudo contemple apenas as empresas
americanas, é possível aplicar a projeção dos resultados obtidos ao mercado
nacional. A boa notícia é que, como a maioria das organizações B2B está no modo
"start" do processo, há muito potencial em termos de inovação em CX,
possibilidades de diferenciação e, consequentemente, oportunidades de negócios.
Por estar em posição de vanguarda, as empresas
B2C podem então servir de benchmarking para o segmento, desde que fiquem
atentas às diferenças de objetivos e expectativas do consumidor em cada
segmento de mercado. O alerta, porém, só vale para o cliente B2B que tem
contato direto com as empresas B2C quando está no papel de consumidor final;
portanto, ele espera encontrar a mesma facilidade de acesso quando procura por
um novo parceiro na área comercial.
Na prática, isso significa ter sinergia de
informações no ambiente online e offline; produzir e divulgar conteúdo
relevante para cada etapa da jornada do consumidor; integrar a coleta de dados
para antecipar-se às necessidades dos clientes; desenvolver habilidades para
dar respostas imediatas; e, independentemente do canal, humanizar o atendimento
dando atenção especial à personalização do contato, diferencial este já
conquistado pela equipe de atendimento da linha de frente.
A criação de um processo de CX eficiente demanda
tempo, estudo e muito treinamento. A urgência em implantá-la, porém, reside no
fato de que ela vem sendo avaliada por especialistas da área como a prioridade
número 1 das empresas nos próximos cinco anos, na frente de produto e preço.
Entra nessa conta também o fator rentabilidade, já que uma boa experiência gera
mais negócios. É um mercado potencial a ser explorado e, como sempre, quem sair
na frente terá os melhores resultados. Pronto para começar?
*Cristovão Wanderley ésócio-diretor da Stratlab.