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Livrarias físicas se tornam página virada no mercado editorial

Novo Capítulo: E-commerce

Hoje (25), a Saraiva encerra de vez a sua operação física, com o fechamento das cinco lojas que restaram. A rede chegou a ter mais de 100 livrarias pelo país, mas, assim como outras empresas do setor, foi impactada por uma crise no mercado editorial. Em 2018, quando solicitou sua recuperação judicial, a Saraiva já se queixava de quedas constantes no preço dos livros e do aumento da inflação, e somava dívidas de R$ 675 milhões. Desde então, foram realizados sucessivos fechamentos, incluindo 20 lojas encerradas em um único dia. No mesmo ano, a concorrente Livraria Cultura também revelou ter débitos de R$ 285,4 milhões, que ocasionaram em um pedido de recuperação aceito pela Justiça e, cinco anos depois, um decreto de falência. Em 2018, a Cultura ainda deu fim às operações brasileiras da Fnac, rede francesa de livros e produtos eletrônicos cuja compra foi realizada em 2017.

E-commerce Transforma Mercado
A crise foi agravada pela pandemia, que fechou temporariamente as livrarias físicas e consolidou o hábito de compra online. Assim, o e-commerce virou um canal de sobrevivência para as empresas seguirem operando e, mesmo com o fim da pandemia, esse cenário não voltou ao que era. No ano passado, pela primeira vez, as vendas virtuais de livros foram maiores do que as dos estabelecimentos físicos. Dados da Nielsen BookData apontam que as livrarias exclusivamente virtuais se tornaram o canal com maior participação no faturamento das editoras, com 35,2% no ano passado, contra 29,9% em 2021. As livrarias de modo geral reduziram sua fatia de 30% para 26,6%. Em 2018, o cenário era completamente inverso: as livrarias representavam 46,25% e as que operavam apenas virtualmente correspondiam a 4,24% das vendas.

Marketplaces Acirram Concorrência
Hoje, os livros são uma das categorias mais buscadas no e-commerce. Entre 2016 e 2022, eles ficaram no 5º lugar entre os produtos mais vendidos online, movimentando R$ 16,8 bilhões, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Isso despertou a atenção dos marketplaces, que viram na categoria uma oportunidade de captar novos shoppers e passaram a investir pesado em serviços e parcerias voltadas a este segmento. O movimento foi observado em empresas como Magazine Luiza, que comprou a Estante Virtual, site de venda de livros que pertencia à Livraria Cultura; Mercado Livre, que firmou acordos com distribuidoras de livros; e Amazon, que fortaleceu o serviço de assinatura Kindle Unlimited no Brasil.

Próximos Capítulos
Apesar de ter anunciado, em março, a abertura de 10 lojas neste ano, a Saraiva afirma que, a partir de agora, sua operação permanecerá exclusivamente no e-commerce. Além do plano de expansão, a empresa pretendia relançar a rede de livrarias Siciliano, que foi comprada em 2008 e desativada anos depois. O online também segue como foco da Livraria Cultura, que mantém apenas duas lojas físicas - sendo que uma delas, no Conjunto Nacional (SP), sofreu ordem de despejo em junho, foi fechada e reabriu com uma liminar da Justiça. Na contramão do mercado, a Livraria Leitura quer encerrar 2023 com 109 lojas físicas, em 22 estados, e planeja mais 10 aberturas para 2024. Além de ocupar o espaço deixado pelas concorrentes, a rede aposta em uma estratégia de acompanhar novos comportamentos de consumo, principalmente na busca por livros infantis, mangás e publicações que deram origem a séries ou filmes.

25/09/2023
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