Metaverso pode revolucionar a experiência de compra do brasileiro
*Por Ander
Orcasitas, RVP da Dynamic Yield, empresa da Mastercard, na Europa, América
Latina e Caribe
Ávido por novidades, o público brasileiro é um dos que mais apreciam redes
sociais, pois é nesse ambiente virtual que ele encontra lazer e interação com
influencers e marcas. Sempre em busca do que é novo, o Brasil mostrou rápida
adesão ao sistema de pagamentos instantâneos PIX e tem o desejo de fazer
pagamentos em tempo real por aplicativos de mensagens ou mídias sociais,
conforme pesquisa recente da Mastercard.
Para enriquecer essa mistura,
o metaverso é um ingrediente interessante para tornar a experiência de compra
do brasileiro mais fascinante. Afinal, esse ambiente virtual imersivo tem um
potencial enorme no varejo de tornar as compras online mais atraentes, uma vez
que os consumidores podem explorar novidades durante as compras online, de
maneira muito mais próxima da experiência de estarem ao vivo na loja que tanto
gostam, sem sair de casa.
No metaverso, ao visitar as
lojas de suas marcas preferidas, o cliente não ficará perdido ou entediado
porque as marcas poderão mostrar de forma estratégica as maiores e mais
atraentes prateleiras para que ele possa ver instantaneamente o que a loja tem
a oferecer. Isso é possível porque a cada dia ampliam-se as possibilidades do
uso de dados fornecidos pelos consumidores nas suas interações com as marcas nas
redes sociais, sites e nas transações de pagamentos. A cada retorno do usuário
à loja no metaverso, as empresas podem revelar mais linhas de produtos para
surpreendê-lo e encantá-lo.
A grande vantagem da
tecnologia do metaverso comparado a um ambiente bidimensional é que ele
mergulha o consumidor na experiência, permitindo que ele "se perca" no
ambiente e descubra novas mensagens, detalhes ou produtos associados. A
construção desse ambiente personalizado só é possível com dados confiáveis. No
Brasil, com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas têm um ponto
de apoio sólido para dar garantias aos seus consumidores de que suas
informações estarão protegidas e de que serão usadas adequadamente.
Um mundo totalmente
novo cada vez mais perto
Hoje, a maioria das empresas
ainda está se preparando para adentrar o metaverso. As que já tentaram ações
nesse espaço o fizeram como iniciativas de relações públicas. Mas é provável
que isso mude rápido porque muitas marcas já procuram saber como podem criar
uma loja no metaverso, tentando entender qual experiência eles devem criar e
como devem personalizá-la (ou não).
Nas últimas décadas,
mudanças sem precedentes nos levaram do mundo offline para o online e esse
ritmo acelerado tende a continuar. As pessoas entrarão com mais frequência em
ambientes virtuais com realidade aumentada e vão consumir conteúdos, produtos,
arte e música. Esse contato é mais "humano", multissensorial e emocional graças
aos recursos tecnológicos e ficará aos poucos mais distante da experiência
atual de olhar para uma imagem estática durante uma compra em um site, como
fazemos hoje. Isso é o que define a estrutura do metaverso.
No exterior, algumas
experiências dão sinais de que o investimento em lojas no metaverso é bastante
promissor. A princípio, algumas marcas estão experimentando o metaverso para
desenvolver consciência, engajamento, lealdade e aprendizado. Marcas de luxo
como Burberry, Dolce & Gabbana, Hermés e Gucci, por exemplo, usam NFTs para
gerar interesse. Mais de um quarto dos varejistas do Reino Unido dizem que
estão se preparando para entrar no metaverso no próximo ano para melhorar a
experiência de compra dos clientes. Quase um terço deles (32%) disse que
pretende implantar realidade virtual (VR) e 8% afirmaram que pretendem aumentar
as oportunidades de publicidade usando VR, de acordo com um novo relatório da
consultoria Baringa.
Enquanto esse processo se
desenrola, dois movimentos fortes já coexistem. De um lado, há plataformas como
o TikTok, com conteúdo de vídeo básico que os consumidores simplesmente
deslizam. Ali os algoritmos são refinados sem que os usuários façam nenhum
esforço, o que os tornam populares no Brasil e garantem crescimento rápido de
interações com marcas. Por outro lado, agora existem adotantes iniciais que
conduzem conteúdo imersivo, onde mundos inteiros são construídos em torno de
cada usuário e permitem camadas mais sofisticadas de descoberta e envolvimento
mais profundo e duradouro.
No final, é provável que haja
um cruzamento entre esses dois. As empresas poderão negociar com usuários que
desejam explorar de forma rápida e espontânea e, de outra forma, com aqueles
que buscam uma interação significativa e satisfatória. O usuário, sem dúvida,
estará no meio com suas preferências dependentes de seu humor, circunstâncias e
tempo. Mas o mais interessante será como as marcas conectam isso ao conteúdo
individualizado para criar experiências verdadeiramente pessoais, inovadoras,
seguras e confiáveis para seus clientes.